{"id":5644,"date":"2024-09-10T16:12:14","date_gmt":"2024-09-10T14:12:14","guid":{"rendered":"https:\/\/leprado.org\/?p=5644"},"modified":"2024-09-10T16:56:23","modified_gmt":"2024-09-10T14:56:23","slug":"lesprit-ouvre-les-chemins-de-la-conversion-missionnaire-ac-13-14","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/leprado.org\/pt\/lesprit-ouvre-les-chemins-de-la-conversion-missionnaire-ac-13-14\/","title":{"rendered":"O Esp\u00edrito abre o caminho para a convers\u00e3o mission\u00e1ria (Actos 13-14)"},"content":{"rendered":"
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Proposta de estudo do Evangelho<\/strong><\/p>\n

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\"\u00a0O Esp\u00edrito abre o caminho para a convers\u00e3o mission\u00e1ria<\/em>\u00a0\"(Actos 13-14)<\/span> <\/p>\n

O ESP\u00cdRITO CHAMA E CONVERTE PARA SER UMA IGREJA SAMARITANA<\/strong><\/p>\n

    \n
  1. O Esp\u00edrito constitui a Igreja Samaritana como uma comunidade de vida e de testemunho.<\/li>\n
  2. Cristo prossegue a sua miss\u00e3o numa comunidade ministerial.<\/li>\n
  3. Convers\u00e3o mission\u00e1ria a uma Igreja Samaritana.<\/li>\n
  4. A a\u00e7\u00e3o paciente do Esp\u00edrito na prepara\u00e7\u00e3o da convers\u00e3o mission\u00e1ria.<\/li>\n
  5. O Esp\u00edrito abre o caminho para a convers\u00e3o mission\u00e1ria (Actos 13-14).<\/li>\n<\/ol>\n

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    O ESP\u00cdRITO ABRE OS CAMINHOS PARA A CONVERS\u00c3O MISSION\u00c1RIA (Actos 13-14)<\/span><\/strong><\/p>\n

    Conhecemos Jesus Cristo pelo que fez e disse na sua vida hist\u00f3rica, como nos dizem os Evangelhos. Tamb\u00e9m o conhecemos pelo que fez na Igreja primitiva, depois da sua ressurrei\u00e7\u00e3o. Mas tamb\u00e9m o conhecemos pelo que ele \"fez os ap\u00f3stolos fazerem\". Esta \"faceta\" da realidade de Cristo \u00e9 revelada no livro dos Actos, particularmente em algumas das suas p\u00e1ginas. Uma delas \u00e9 a da primeira viagem mission\u00e1ria de Paulo, que ele iniciou acompanhando Barnab\u00e9 e na qual se tornou gradualmente o principal protagonista.<\/span><\/p>\n

    Nesta primeira miss\u00e3o, os desafios da realidade pastoral e as respostas n\u00e3o eram claros \u00e0 partida. Eles n\u00e3o sabiam o que iam ter de enfrentar. Estavam a caminhar em terreno desconhecido. Por isso, o papel do Esp\u00edrito \u00e9 ainda mais evidente.<\/span><\/p>\n

    Vamos conhecer Cristo, que enviou como ap\u00f3stolos dois dos \"mestres e profetas\" da comunidade de Antioquia. E vamos conhec\u00ea-lo naquilo que ele os faz fazer, naquilo que os faz experimentar, nos seus \u00eaxitos e nas suas dificuldades. A nossa vida, que se reflecte neste caminho mission\u00e1rio, \u00e9 tamb\u00e9m uma fonte de conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, atrav\u00e9s do que ele nos \"fez fazer\", atrav\u00e9s do que nos fez gozar ou sofrer, e atrav\u00e9s do modo como nos acompanhou em tudo.<\/span><\/p>\n

    O Esp\u00edrito de Cristo prepara os disc\u00edpulos para a miss\u00e3o.<\/span><\/b><\/p>\n

    No Evangelho, Jesus introduz os disc\u00edpulos, tanto os 12 como os 72 (Lc 10), na a\u00e7\u00e3o mission\u00e1ria para continuar o ensinamento que j\u00e1 tinha iniciado com eles. Para ele, n\u00e3o h\u00e1 verdadeira forma\u00e7\u00e3o que n\u00e3o seja confrontada com as dificuldades da miss\u00e3o. Do mesmo modo, nos Actos, o Esp\u00edrito ensina e instrui a Igreja primitiva a partir da a\u00e7\u00e3o, da realiza\u00e7\u00e3o nascente da miss\u00e3o. Isto acontece durante a primeira viagem mission\u00e1ria de Paulo e Barnab\u00e9. Assim, diante do \"Conc\u00edlio de Jerusal\u00e9m\" (Actos 15), gra\u00e7as ao ensinamento dos factos iluminados pela Palavra, eles descobrem a vontade de Deus, que \u00e9 anunciar a mensagem a todos os povos.<\/span><\/p>\n

    No final da sua viagem, Paulo e Barnab\u00e9 contam \u00e0 Igreja de Antioquia o que fizeram e o que viram da a\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito: \"Quando l\u00e1 chegaram, reuniram a Igreja e contaram o que Deus tinha feito por meio deles e como tinha aberto a porta da f\u00e9 aos gentios\". (Actos 14,27) O Esp\u00edrito de Cristo torna-os participantes da pr\u00f3pria obra de Deus: \"o que Deus fez por meio deles\".<\/span><\/p>\n

     <\/span>O Esp\u00edrito n\u00e3o se limita a ensinar, mas abre as portas \u00e0 miss\u00e3o.<\/span><\/b><\/p>\n

    O resultado desta primeira viagem mission\u00e1ria \u00e9 o facto de o Esp\u00edrito ter aberto as portas da Igreja aos \"gentios\". Eles n\u00e3o o experimentam apenas como um ensinamento desconhecido, como uma ideia que n\u00e3o tinham compreendido bem antes e que tinham de aprender; para eles, o que aconteceu nessa primeira viagem \u00e9 uma a\u00e7\u00e3o que cria algo de novo. N\u00e3o se trata apenas de um ensinamento, mas, no seu trabalho mission\u00e1rio, o Esp\u00edrito actua numa dire\u00e7\u00e3o que eles n\u00e3o escolheram: \"O Esp\u00edrito tinha aberto a porta da f\u00e9 aos gentios\". Anteriormente, devido \u00e0s condi\u00e7\u00f5es concretas da realidade e dos disc\u00edpulos, essa porta tinha sido fechada. A miss\u00e3o n\u00e3o consiste em ensinar verdades j\u00e1 estabelecidas, mas, atrav\u00e9s do nosso trabalho, ter\u00e1 um impacto na hist\u00f3ria e transform\u00e1-la-\u00e1. N\u00e3o diz: \"Descobrimos que Deus quer que partilhemos a f\u00e9 com os gentios\", ou \"Aprendemos que a porta da f\u00e9 sempre esteve aberta para os gentios\". N\u00e3o se trata de uma quest\u00e3o intelectual, em que a aprendizagem \u00e9 o elemento-chave. Trata-se da a\u00e7\u00e3o transformadora do Esp\u00edrito sobre a realidade. O Esp\u00edrito est\u00e1 a fazer algo de novo, que eles testemunharam.<\/span><\/p>\n

    A perspetiva do ensinamento de uma verdade coloca-nos perante algo de grande e insond\u00e1vel que nunca poderemos compreender. A perspetiva da a\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito faz de n\u00f3s colaboradores e companheiros de Deus, descobrindo atrav\u00e9s da sua a\u00e7\u00e3o no mundo qual \u00e9 a sua vontade. A primeira perspetiva transforma-se numa ideologia que imp\u00f5e \u00e0 realidade a verdade que conhecemos. E mesmo que tenhamos raz\u00e3o, \u00e9 o Esp\u00edrito que marca os tempos e os momentos em que a verdade deve tornar-se realidade. \u00c9 por isso que a perspetiva da verdade tende a frustrar-nos, porque acreditamos que podemos impor a nossa a\u00e7\u00e3o voluntarista \u00e0 realidade; pelo contr\u00e1rio, a perspetiva da a\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito torna-nos humildemente pacientes, alegremente humildes, simples e dispon\u00edveis.  <\/span><\/p>\n

     <\/span>A miss\u00e3o brota do Esp\u00edrito e os ministros p\u00f5em-na em pr\u00e1tica.<\/span><\/b><\/p>\n

    At\u00e9 agora, a abertura aos gentios tinha-se baseado na experi\u00eancia pessoal e nos impulsos do Esp\u00edrito, atrav\u00e9s de Filipe, de Pedro e dos perseguidos em Jerusal\u00e9m. Mas, neste momento, ela brotou de uma decis\u00e3o do Esp\u00edrito sobre a comunidade de Antioquia, na pessoa dos seus ministros.<\/span><\/p>\n

    \"Ora, na igreja de Antioquia havia profetas e mestres: Barnab\u00e9, Sime\u00e3o, chamado N\u00edger, L\u00facio de Cirene, Mana\u00e9m, irm\u00e3o adotivo de Herodes, o tetrarca, e Saulo. 2 Um dia, enquanto adoravam o Senhor e jejuavam, o Esp\u00edrito Santo disse-lhes: 'Separai-me Barnab\u00e9 e Saulo para a obra a que os chamei, e eu vo-los darei'.\" (Actos 13:1-2)<\/span><\/p>\n

    A configura\u00e7\u00e3o desta equipa de cinco profetas e mestres \u00e9 interessante: um disc\u00edpulo era colaborador dos ap\u00f3stolos desde a primeira hora; dois vinham da di\u00e1spora, um negro nigeriano e outro da L\u00edbia, do que hoje chamamos Magrebe; um quarto provinha de uma fam\u00edlia pr\u00f3xima dos herodianos, ou seja, de uma fam\u00edlia judaica poderosa e rica; e o quinto tinha sido um fariseu fan\u00e1tico, perseguidor dos crist\u00e3os e cidad\u00e3o romano. A autoridade moral de Barnab\u00e9 deve ter sido not\u00e1vel. Cristo, fiel \u00e0 sua vida hist\u00f3rica, gosta de fazer \"irm\u00e3os\" daqueles que s\u00e3o diferentes. Que o grupo mais instru\u00eddo e empenhado da comunidade, que acolhe fraternalmente os que s\u00e3o diferentes de si, que procura uma renovada fidelidade na f\u00e9 a Jesus Cristo, seja o tra\u00e7o carater\u00edstico de cada convers\u00e3o mission\u00e1ria da Igreja.<\/span><\/p>\n

    A miss\u00e3o \u00e9 descrita como \"a miss\u00e3o do Esp\u00edrito Santo\" (Act 13,4), e os disc\u00edpulos procuram abrir-se a esta fun\u00e7\u00e3o: \"depois de jejuar e rezar, impuseram-lhes as m\u00e3os e enviaram-nos\" (Act 13,3). Tudo o que acontece na miss\u00e3o deve, portanto, ser interpretado como obra do Esp\u00edrito de Cristo que renova a sua Igreja.<\/span><\/p>\n

     <\/span><\/p>\n

    O Esp\u00edrito Santo desmascara a manipula\u00e7\u00e3o da f\u00e9.<\/span><\/b><\/p>\n

    O primeiro acontecimento significativo desta viagem mission\u00e1ria de convers\u00e3o foi o confronto de Paulo e Barnab\u00e9 com Elimas, o m\u00e1gico, que se aproveitava da f\u00e9 judaica para se fazer passar por profeta e ganhar a vida com a religiosidade e a credulidade do proc\u00f4nsul romano S\u00e9rgio Paulo.<\/span><\/p>\n

    Paulo, cheio do Esp\u00edrito Santo, olhou para ele 10 e disse-lhe: \"Homem de toda a falsidade e maldade, filho do dem\u00f3nio, inimigo de toda a justi\u00e7a, quando deixar\u00e1s de te opor aos caminhos rectos do Senhor? 11 Agora v\u00ea, a m\u00e3o do Senhor cair\u00e1 sobre ti e ficar\u00e1s cego e n\u00e3o ver\u00e1s o sol durante algum tempo. (Actos 13, 9-11)<\/span><\/p>\n

    O que \u00e9 que estes vers\u00edculos nos dizem sobre a convers\u00e3o mission\u00e1ria da Igreja?<\/span><\/p>\n

      \n
    1. Os caminhos da convers\u00e3o mission\u00e1ria n\u00e3o surgir\u00e3o das velhas f\u00f3rmulas que visam conquistar o favor dos poderosos atrav\u00e9s das supersti\u00e7\u00f5es de uma religiosidade milagrosa e fant\u00e1stica.<\/span><\/li>
    2. A convers\u00e3o mission\u00e1ria come\u00e7a com a verdade e a justi\u00e7a. A verdade de Deus, revelada na din\u00e2mica da Encarna\u00e7\u00e3o, e a justi\u00e7a para com os homens. <\/span><\/li>
    3. A convers\u00e3o mission\u00e1ria confronta-se com a manipula\u00e7\u00e3o da f\u00e9 e denuncia-a resolutamente. <\/span><\/li>
    4. A convers\u00e3o mission\u00e1ria \u00e9 misericordiosa e invoca a corre\u00e7\u00e3o do castigo apenas \"por um tempo\".<\/span><\/li><\/ol>\n

      Embora n\u00e3o fosse o alvo direto de Paulo e Barnab\u00e9, \" Quando o proc\u00f4nsul viu o que tinha acontecido, tornou-se crente, pois ficou impressionado com o ensinamento do Senhor.<\/i> \"(Actos 13,12); e, sendo pag\u00e3o, S\u00e9rgio Paulo foi um dos primeiros convertidos na sua viagem mission\u00e1ria.<\/span><\/p>\n

      A preocupa\u00e7\u00e3o de n\u00e3o voltar a cair em interpreta\u00e7\u00f5es supersticiosas da f\u00e9 e de as desmascarar \u00e9 de grande relev\u00e2ncia para a nossa convers\u00e3o mission\u00e1ria.<\/span><\/p>\n

       <\/span><\/p>\n

      Um an\u00fancio \"cont\u00ednuo\" acolhido pelos pag\u00e3os<\/span><\/b><\/p>\n

      O primeiro discurso de Paulo, que nos foi transmitido a partir desta primeira viagem mission\u00e1ria, pode ser descrito como cont\u00ednuo: dirige-se aos judeus na sinagoga para a qual foram convidados pelos seus chefes (Act 13,15); fala-lhes de Abra\u00e3o, Mois\u00e9s, David, Jo\u00e3o Batista e de como a vida de Jesus cumpre as profecias de todas estas figuras; anuncia a ressurrei\u00e7\u00e3o e a justifica\u00e7\u00e3o pela f\u00e9 em Jesus. <\/span><\/p>\n

      Sabei, irm\u00e3os, isto: por Jesus vos foi anunciada a remiss\u00e3o dos pecados e de todas as coisas de que n\u00e3o pudestes ser justificados pela lei de Mois\u00e9s; 39 por ele \u00e9 justificado todo aquele que cr\u00ea. (Atos 13:38-39)<\/span><\/p>\n

      A f\u00e9 em Jesus completa as promessas da primeira alian\u00e7a. N\u00e3o h\u00e1 nada de novo, nem na mensagem nem nos meios utilizados para a transmitir. Paulo termina a sua exorta\u00e7\u00e3o com um convite a ter f\u00e9 e a n\u00e3o desprezar o poder de Deus, mesmo que as suas ac\u00e7\u00f5es nos surpreendam.<\/span><\/p>\n

      Portanto, tende cuidado para que n\u00e3o vos aconte\u00e7a o que os profetas predisseram [Hab 1,5]: 41 Assombrai-vos, arrogantes, e escondei-vos, porque farei no vosso tempo uma obra tal que n\u00e3o acreditareis, se vo-lo disserem (Act 13,40-41).<\/span><\/p>\n

      Um discurso simples, direto, compreens\u00edvel para todos, impec\u00e1vel; com uma argumenta\u00e7\u00e3o baseada na Escritura dif\u00edcil de refutar, perante a qual qualquer judeu familiarizado com a Lei e os Profetas n\u00e3o pode deixar de se maravilhar. O argumento mais convincente \u00e9 o texto do Salmo: \"N\u00e3o permitir\u00e1s que o teu Messias se corrompa\" (Sl 16,10). O mesmo aconteceu com Jesus Cristo, o Messias de Deus, quando ressuscitou dos mortos. A mensagem foi recebida com gratid\u00e3o pelos judeus e gentios pros\u00e9litos.<\/span><\/p>\n

      Quando a assembleia da sinagoga se dispersou, um grande n\u00famero de judeus e pros\u00e9litos que adoravam a Deus seguiram Paulo e Barnab\u00e9, que lhes falaram, exortando-os a perseverar na fidelidade \u00e0 gra\u00e7a de Deus (Act 13,43).<\/span><\/p>\n

      No s\u00e1bado seguinte, vendo o seu sucesso, os judeus, por inveja, opuseram-se-lhes e blasfemaram das palavras de Paulo. Os pros\u00e9litos gentios, pelo contr\u00e1rio, juntaram-se a eles. Barnab\u00e9 e Paulo tiraram a seguinte conclus\u00e3o:<\/span><\/p>\n

      Ent\u00e3o Paulo e Barnab\u00e9 disseram com confian\u00e7a: \"N\u00f3s dev\u00edamos pregar-vos primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais e n\u00e3o vos considerais dignos da vida eterna, sabei isto: voltamo-nos para os gentios\" (Actos 13,46). <\/span><\/p>\n

      E assumiram esta mudan\u00e7a radical do ponto de vista teol\u00f3gico, n\u00e3o apenas por conveni\u00eancia pastoral, mas com base no ensinamento dos profetas: \"Eu designei-te como luz para as na\u00e7\u00f5es, para levares a salva\u00e7\u00e3o at\u00e9 aos confins da terra\" (Act 13,47; Is 49,6). Come\u00e7aram assim a aplicar \u00e0 comunidade crist\u00e3, atrav\u00e9s dos seus ap\u00f3stolos, a fun\u00e7\u00e3o do verdadeiro Servo de Jav\u00e9 de reunir o Novo Povo da Alian\u00e7a. Os \"confins da terra\", na pessoa dos pros\u00e9litos, j\u00e1 tinham ouvido a palavra da salva\u00e7\u00e3o e tinham-na acolhido com alegria. Com uma alegria que \u00e9 fruto do Esp\u00edrito, porque resiste \u00e0 contradi\u00e7\u00e3o:<\/span><\/p>\n

      Quando os gentios ouviram isto, alegraram-se e louvaram a palavra do Senhor; e os que estavam destinados \u00e0 vida eterna tornaram-se crentes (...) Os disc\u00edpulos [gentios que se tornaram] ficaram cheios de alegria e do Esp\u00edrito Santo\" (Act 13,48).<\/span><\/p>\n

      As pessoas que aceitam o Evangelho com simplicidade num contexto de oposi\u00e7\u00e3o e persegui\u00e7\u00e3o tornam-se um sinal da vontade de Deus.<\/span><\/p>\n

      A aplica\u00e7\u00e3o deste texto \u00e0 nossa realidade pastoral atual pode ser confusa. \u00c9 verdade que, na nossa situa\u00e7\u00e3o, a aceita\u00e7\u00e3o ou n\u00e3o aceita\u00e7\u00e3o da nossa mensagem pode ter considera\u00e7\u00f5es diferentes devido \u00e0 complexidade das vari\u00e1veis. A nossa experi\u00eancia pessoal da Igreja ou o ambiente anti-clerical ou anti-crist\u00e3o em que fomos educados podem influenciar-nos. Mesmo as conota\u00e7\u00f5es ideol\u00f3gicas pelas quais as pessoas identificam o cristianismo com uma ideologia conservadora podem aproximar ou afastar algumas pessoas. Mas n\u00e3o podemos ignorar o facto de que o acolhimento do Evangelho num ambiente hostil \u00e9 interpretado por Paulo e Barnab\u00e9 como um sinal do Esp\u00edrito.<\/span><\/p>\n

       <\/span><\/p>\n

      Tr\u00eas sinais em contr\u00e1rio: a partida de Jo\u00e3o Marcos, a persegui\u00e7\u00e3o dos pag\u00e3os e a mentalidade id\u00f3latra grosseira.<\/span><\/b><\/p>\n

      Pouco depois do epis\u00f3dio de Barjesus, Jo\u00e3o Marcos abandonou a equipa apost\u00f3lica (Act 13,13). N\u00e3o h\u00e1 coment\u00e1rios sobre este acontecimento, mas quando Barnab\u00e9 quis contar novamente com Marcos para a miss\u00e3o, houve um forte confronto entre Paulo e Barnab\u00e9, que levou \u00e0 sua separa\u00e7\u00e3o (Act 15,39). A partida do jovem Jo\u00e3o Marcos deve ter sido uma grande dece\u00e7\u00e3o no in\u00edcio desta primeira miss\u00e3o.<\/span><\/p>\n

      Um segundo sinal foi a participa\u00e7\u00e3o dos pag\u00e3os na persegui\u00e7\u00e3o dos ap\u00f3stolos. Em Antioquia da Pis\u00eddia, os gentios tinham acolhido a mensagem com alegria, mas em Ic\u00f3nio, tanto judeus como gentios acolheram o an\u00fancio, para depois se voltarem contra os ap\u00f3stolos com viol\u00eancia, maus tratos e apedrejamentos.<\/span><\/p>\n

      Os habitantes da cidade estavam divididos em fac\u00e7\u00f5es, uns a favor dos judeus, outros a favor dos ap\u00f3stolos. 5 Os gentios e os judeus, com as suas autoridades, procuravam maltrat\u00e1-los e apedrej\u00e1-los. (Atos 13:4-5)<\/span><\/p>\n

      O ambiente hostil n\u00e3o desanimou Barnab\u00e9 e Paulo, que \"ficaram ali muito tempo\" (Act 14,3), e s\u00f3 quando foram amea\u00e7ados de morte \u00e9 que partiram para outro lugar.<\/span><\/p>\n

      Um terceiro sinal aparece depois de uma cura. Os mesmos acontecimentos s\u00e3o valorizados de forma diferente em culturas diferentes. Na cultura judaica, a cura dos doentes tinha sido para Jesus e os ap\u00f3stolos uma ratifica\u00e7\u00e3o e uma prova da credibilidade da sua mensagem (Act 5,15). O sinal de cura remete para o poder e a bondade de Deus: \"Louvaram o Senhor, que d\u00e1 aos homens o poder de realizar tais sinais\" (Mt 9,8), e para o poder do enviado do Pai: \"Foi o nome de Jesus que fortaleceu este homem que vedes e conheceis\" (Act 3,16). Mas no ambiente pag\u00e3o de Listra, o sinal da cura de um aleijado implicava, para a multid\u00e3o educada no polite\u00edsmo grego, que Barnab\u00e9 e Paulo eram encarna\u00e7\u00f5es de Zeus e Hermes. Quando os ap\u00f3stolos se aperceberam de que lhes iam ser oferecidos sacrif\u00edcios, \"rasgaram as suas vestes\" (Actos 14,14). Este gesto exprime a rejei\u00e7\u00e3o visceral e profunda que sentiam em rela\u00e7\u00e3o a esta manifesta\u00e7\u00e3o.<\/span><\/p>\n

      Este acontecimento permitiu-lhes compreender a complexidade do processo de incultura\u00e7\u00e3o da mensagem de f\u00e9. Paulo viu naquele homem a f\u00e9 necess\u00e1ria para a sua cura. Pediu-a ao Senhor e o Senhor deu-lha, o que deu alegria ao aleijado e ensinou aos ap\u00f3stolos uma li\u00e7\u00e3o de incultura\u00e7\u00e3o. Depois de ter recuperado do choque inicial, Paulo tentou ligar o sinal da cura \u00e0 a\u00e7\u00e3o do Deus \u00fanico e vivo, criador de todo o universo, cujo sol, lua, estrelas e todos os fen\u00f3menos naturais n\u00e3o s\u00e3o deuses mas coisas criadas. Apresentou-o numa linguagem compreens\u00edvel para o povo: \"Trazemos-vos esta boa nova: deveis abandonar os \u00eddolos v\u00e3os e converter-vos ao Deus vivo, que fez o c\u00e9u, a terra, o mar e tudo o que neles existe\" (Act 14,15). Mas o resultado foi escasso, pois \"mal conseguiram dissuadir a multid\u00e3o de lhes oferecer um sacrif\u00edcio\". (Actos 14,18).<\/span><\/p>\n

      Assim, em Ic\u00f3nio e Listra, encontramos uma s\u00e9rie de ambiguidades: o sinal de boas-vindas dos pag\u00e3os \u00e9 matizado; os pag\u00e3os interpretam as experi\u00eancias de vida, como a cura, de uma forma muito diferente, o que lhes mostra que o abandono das cren\u00e7as polite\u00edstas pode ser muito complicado para muitas pessoas, mesmo as de boa vontade.<\/span><\/p>\n

       <\/span><\/p>\n

      A coragem de Paulo e Barnab\u00e9: o an\u00fancio testemunhal do querigma.<\/span><\/b><\/p>\n

      Os judeus de Antioquia da Pis\u00eddia e de Ic\u00f3nio foram para Listra, onde tinham persuadido o povo a apedrejar Paulo, que o deixou como morto (Actos 14,19). Mas, longe de desanimar, depois de pregarem em Perge, voltaram a Listra, a Ic\u00f3nio e a Antioquia (Act 14,21) sem receio de persegui\u00e7\u00e3o, onde iriam ver os que tinham permanecido fi\u00e9is. Foram \"encorajar os disc\u00edpulos e exort\u00e1-los a perseverar na f\u00e9, dizendo-lhes que deviam passar por muitas tribula\u00e7\u00f5es para entrar no reino de Deus\". (Actos 14:22)<\/span><\/p>\n

      Este gesto de regresso \u00e0s cidades onde tinham sofrido persegui\u00e7\u00f5es mostra duas coisas muito importantes para o ministro na convers\u00e3o pastoral:<\/span><\/p>

      1. A for\u00e7a que o Senhor d\u00e1 \u00e0queles que escolhe. Uma proclama\u00e7\u00e3o do querigma que n\u00e3o \u00e9 apenas verbal, como uma mensagem, mas uma experi\u00eancia de vida: eles recebem a morte e continuam a dar a vida. Paulo come\u00e7a a compreender que a fraqueza da Cruz \u00e9 mais forte do que a maldade dos homens (1Cor 1).<\/span><\/p>

      2.  <\/span><\/span>O ap\u00f3stolo viveu de forma radical o mandamento do amor a Deus e ao pr\u00f3ximo na sua miss\u00e3o (Lc 10). O seu amor incondicional por Jesus Cristo: testemunhou na sua vida que Jesus Cristo \u00e9 mais importante do que a sua pr\u00f3pria vida. A sua caridade pastoral para com os novos convertidos \u00e0 f\u00e9 crist\u00e3: por causa deles, exp\u00f4s-se mais uma vez ao perigo e \u00e0 persegui\u00e7\u00e3o.<\/span><\/p>\n

       <\/span><\/p>\n

      A cria\u00e7\u00e3o das primeiras comunidades como fruto essencial da convers\u00e3o pastoral da Igreja<\/span><\/b><\/p>\n

      \"Em cada igreja, constitu\u00edam anci\u00e3os, oravam e jejuavam, e recomendavam-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado\" (Act 14,23). O livro dos Actos mostra assim o culminar da tarefa mission\u00e1ria ap\u00f3s a convers\u00e3o pastoral da Igreja. O facto de, ap\u00f3s algumas semanas de prega\u00e7\u00e3o em cada aldeia, ter permanecido um pequeno grupo que manteve a sua f\u00e9 em Jesus Cristo perante um ambiente hostil. Este foi um fruto importante, quase insuspeito; foi a a\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito. <\/span><\/p>\n

      Era ent\u00e3o necess\u00e1rio estabelecer a Igreja onde havia f\u00e9 em Cristo e, para isso, nomearam anci\u00e3os com gestos de abertura \u00e0 a\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito: a ora\u00e7\u00e3o e o jejum. Um novo minist\u00e9rio eclesial nasce da a\u00e7\u00e3o de convers\u00e3o mission\u00e1ria, da simples necessidade de refor\u00e7ar o pequeno grupo de crentes em cada aldeia. Este facto \u00e9 t\u00e3o importante que se sobrep\u00f5e a todos os problemas e dificuldades que tiveram de enfrentar.<\/span><\/p>\n

      Terminam a sua viagem em Antioquia, de onde tinham partido, \"onde tinham sido confiados \u00e0 gra\u00e7a de Deus para a miss\u00e3o que acabavam de cumprir\" (Act 14,26). A miss\u00e3o j\u00e1 n\u00e3o pertencia \u00e0 Igreja de Antioquia, mas a Deus; foi a\u00ed que foram confiados \u00e0 gra\u00e7a de Deus. Os resultados ultrapassaram todas as ideias que tinham \u00e0 partida.<\/span><\/p>\n

      Quando chegaram, reuniram a Igreja e contaram o que Deus tinha feito atrav\u00e9s deles e como tinha aberto a porta da f\u00e9 aos gentios (Actos 14,27).<\/span><\/p>\n

      Assumir uma mudan\u00e7a pastoral e eclesial t\u00e3o importante requer tempo para se afirmar e ser compreendida. Por isso, \"ficaram muito tempo com os disc\u00edpulos\" (Act 14,28).<\/span><\/p>\n

       <\/span><\/p>\n

      RESUMO<\/span><\/b><\/p>\n

      A a\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito chega a seu tempo. Paulo estava h\u00e1 anos em Chipre, levando uma vida obscura, como se estivesse em \"Nazar\u00e9\". E foi quando Barnab\u00e9 o reencontrou para um projeto mission\u00e1rio que a sua reflex\u00e3o teol\u00f3gica encontrou o seu foco evangelizador. Os nossos tempos n\u00e3o s\u00e3o os tempos de Deus.<\/span><\/p>\n

      A a\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito que transforma a Igreja \u00e9 uma surpresa. Estava certamente preparada no universalismo da prega\u00e7\u00e3o prof\u00e9tica e nas experi\u00eancias de Pedro e dos que fugiam da persegui\u00e7\u00e3o em Jerusal\u00e9m. Mas manifesta-se como um fruto inesperado.<\/span><\/p>\n

      A a\u00e7\u00e3o pastoral ter\u00e1 sinais e contra-sinais, mas a f\u00e9 de um grupo de pessoas que se afirma num ambiente hostil e contr\u00e1rio torna-se o sinal definitivo.<\/span><\/p>\n

      A condi\u00e7\u00e3o sine qua non para os ap\u00f3stolos era valorizar cada pessoa como um filho de Deus, acima de todas as outras considera\u00e7\u00f5es. Assim, Paulo via o aleijado de Listra como uma pessoa deficiente, igual em dignidade e capacidade de f\u00e9 aos doentes do povo judeu que Jesus tinha curado. A \u00fanica condi\u00e7\u00e3o para os adoradores do Senhor \u00e9 adorar em esp\u00edrito e em verdade (Jo 4). O aleijado que tem f\u00e9, mesmo que seja polite\u00edsta, \u00e9 um homem \u00e0 beira da estrada (Lc 10) cujo sofrimento o abriu \u00e0 a\u00e7\u00e3o de Deus (Jo 5).<\/span><\/p>\n

       <\/span><\/p>\n

      Fazei de mim, Senhor, um colaborador na a\u00e7\u00e3o do vosso Esp\u00edrito para abrir as portas \u00e0 evangeliza\u00e7\u00e3o.<\/span><\/b><\/p>\n

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       <\/strong><\/p>\n

      Jos\u00e9 Joaquim CASTELL\u00d3N MART\u00cdN<\/strong> (Prado d'Espagne) - <\/span>setembro de 2024<\/em>
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      O Esp\u00edrito abre o caminho da convers\u00e3o mission\u00e1ria\" (Actos 13-14) O ESP\u00cdRITO CONVECE E CONVERTE PARA SER IGREJA SAMARITANA O Esp\u00edrito constitui a Igreja Samaritana como comunidade de vida e de testemunho. Cristo prossegue a sua miss\u00e3o numa comunidade ministerial. A convers\u00e3o mission\u00e1ria a uma Igreja samaritana. A a\u00e7\u00e3o paciente de ... <\/p>\n